Comer marisco só nos meses com “r” é uma crença popular com algum fundamento...
Desta vez, os grandes culpados são uns seres microscópicos fotossintéticos, unicelulares com 2 flagelos, denominados DINOFLAGELADOS. São eles os responsáveis pela produção de toxinas altamente potentes, tais como neurotoxinas, toxinas paralisantes e agentes hemolíticos, entre outros.
O fitoplâncton inclui os organismos fotossintéticos e é fundamental para as cadeias alimentares aquáticas. Ora, é neste grupo que se encontram incluídos os "famosos" dinoflagelados!!
Mas afinal qual é o problema se comermos o marisco cozinhado?
O grande problema é que as toxinas envolvidas são termo-resistentes (resistentes ao processamento culinário e, geralmente, ao processamento ácido)!
... quando os dinoflagelados se encontram numa situação de crescimento anormal (mais de 20 mil dinoflagelados nocivos por litro de água!) , formam as conhecidas "marés vermelhas" (na imagem em cima). Este crescimento exponencial origina uma alteração da cor do oceano e acumulação de neurotoxinas altamente tóxicas, que causam a morte de muitos organismos que os ingerem.
Estas ocorrências são devidas a factores ambientais específicos, nomeadamente temperaturas superficiais elevadas, grande quantidade de nutrientes, baixa salinidade (frequente após longos períodos chuvosos) e mar calmo. Assim, um período chuvoso seguido de outro ensolarado de Verão causa frequentemente marés vermelhas.
Como já foi dito, há moluscos, crustáceos e outros organismos marinhos que podem não ser afectados pelo consumo destes dinoflagelados, porque conseguem resistir, mas que se tornam altamente tóxicos, podendo causar, nos predadores de topo como o Homem, sequelas que vão desde a paralisia, amnésia e desarranjos intestinais até à morte.
Afinal, há que ter em conta o velho ditado quando tencionarem comprar marisco em meses sem "R" (Maio, Junho, Julho e Agosto), pois são meses mais quentes, durante os quais o crescimento destas biotoxinas marinhas se encontra potenciado.