Quem somos?

Tal como o nome indica, nós somos a Ana e o Pestana, alunos do 4ºano da FCNAUP. Este blog destina-se a todos que já se questionaram porque dizem "os antigos" que "a cenoura põe os olhos bonitos" ou que "o peixe faz bem à cabeça"!Será mesmo verdade ou não passam de "mithus" antigos??? Venham descobrir! Contámos com as vossas sugestões ou dúvidas...

27 abril, 2007

BEBER ÁGUA À REFEIÇÃO ENGORDA?


Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que a água não tem valor energético, isto é, tem zero quilocalorias, logo não engorda!!! Ou seja, tanto faz beber água antes, durante ou depois das refeições que ela não vai alterar o seu valor calóico!




O que acontece quando se bebe água durante a refeição é que a água dilui os sucos gástricos, tornando a digestão mais lenta e provocando uma sensação de saciedade. Este facto pode até contribuir para evitar a ingestão excessiva.




O mito surge porque alguns indivíduos ingerem quantidades excessivas de comida à refeição e, no final, ingerem água. Ora, apesar da água não ter potecial calórico, ela ocupa espaço no nosso estômago. Quando o volume de comida/bebidas é superior à capacidade do nosso estômago, este dilata-se, podendo até ser causada uma distensão gástrica aguda. A sensação do indivíduo é a de "barriga inchada" e desconforto abdominal!


O consumo de líquidos em quantidades suficientes (cerca de 1,5 a 3 litros por dia, consoante as perdas) é importante para a hidratação geral mas não é um factor decisivo para perder ou ganhar peso ou gordura corporal.

23 abril, 2007

ALHO REDUZ O "MAU COLESTEROL"???

Gripe? Tome um chá de alho! Vermes? Alho neles! Certamente já ouviram falar de algumas receitas "milagrosas" com este famoso tempero.





O alho - nome científico: Allium sativum – é uma planta originária das pradarias da Ásia Central ou da Índia e faz parte dos alimentos míticos que inspiraram numerosos remédios e lendas, sendo ainda hoje uma fonte de investigação e de descobertas para os cientistas. Mas será que ele é mesmo bom para tudo?



Cientificamente não se comprovou todas as aplicações populares do alho. Comprovou-se, por exemplo, que a alicina - substância presente na planta, responsável pelo odor característico do alho - actua na morte de bactérias causadoras de infecções, inibe o desenvolvimento de bactérias, destrói fungos, estimula o fluxo das enzimas digestivas e elimina toxinas através da pele. Funciona também como agente anti-viral, ajudando a combater, entre outros, o vírus da gripe.

É um facto que determinadas substâncias presentes no alho podem ser benéficas para quem sofre de varizes: o alil activa a circulação; o trissulfito de metil-alil evita os coágulos que interrompem o fluxo sanguíneo e que deixam as veias e artérias inchadas, além disso favorecem a elasticidade dos vasos e provocam vasodilatação. Para além disto, possui efeitos terapêuticos como espectorante, desinfectante pulmonar, hipoglicemiante, antioxidante (neutraliza radicais livres).



Outra das propriedades do alho, segundo a sabedoria popular, é a sua capacidade de baixar os níveis de “mau colesterol” (LDL – lipoproteinas de baixa densidade).
No entanto, de acordo com investigadores dos EUA, comer alho, cru ou sob a forma de suplemento alimentar, não reduz os níveis de colesterol.
Estudos anteriores realizados em laboratório e com animais sugeriam que o alho poderia ajudar a diminuir o LDL. Um estudo recente, publicado na revista Archives of Internal Medicine, investigou os efeitos do alho cru e dois suplementos na redução do colesterol sérico e concluiu que nenhum deles teve qualquer efeito. Segundo o coordenador da pesquisa, Christopher Gardner, as conclusões contrariaram a expectativa dos próprios cientistas, que acreditavam que o alho, principalmente cru, teria o efeito de reduzir o colesterol.


Conclusão: quer o alho quer os seus suplementos não possuem qualquer efeito na redução do colesterol sérico, o que significa que o ditado nao passa de um MITO!!!

26 março, 2007

Porque Só Se Pode Comer Marisco Nos Meses Com "R"?


Comer marisco só nos meses com “r” é uma crença popular com algum fundamento...




Desta vez, os grandes culpados são uns seres microscópicos fotossintéticos, unicelulares com 2 flagelos, denominados DINOFLAGELADOS. São eles os responsáveis pela produção de toxinas altamente potentes, tais como neurotoxinas, toxinas paralisantes e agentes hemolíticos, entre outros.


O fitoplâncton inclui os organismos fotossintéticos e é fundamental para as cadeias alimentares aquáticas. Ora, é neste grupo que se encontram incluídos os "famosos" dinoflagelados!!



Para além dos efeitos nocivos que exercem sob os animais marinhos, são também extremamente perigosos para o Homem, uma vez que os dinoflagelados, como componentes do fitoplancton, são ingeridos pelos peixes e crustáceos que resistem aos seus efeitos nocivos (não morrem) e bioacumulam essas toxinas (acumulam ao longo da cadeia alimentar).






Mas afinal qual é o problema se comermos o marisco cozinhado?
O grande problema é que as toxinas envolvidas são termo-resistentes (resistentes ao processamento culinário e, geralmente, ao processamento ácido)!








A título de curiosidade...

... quando os dinoflagelados se encontram numa situação de crescimento anormal (mais de 20 mil dinoflagelados nocivos por litro de água!) , formam as conhecidas "marés vermelhas" (na imagem em cima). Este crescimento exponencial origina uma alteração da cor do oceano e acumulação de neurotoxinas altamente tóxicas, que causam a morte de muitos organismos que os ingerem.






Estas ocorrências são devidas a factores ambientais específicos, nomeadamente temperaturas superficiais elevadas, grande quantidade de nutrientes, baixa salinidade (frequente após longos períodos chuvosos) e mar calmo. Assim, um período chuvoso seguido de outro ensolarado de Verão causa frequentemente marés vermelhas.






Como já foi dito, há moluscos, crustáceos e outros organismos marinhos que podem não ser afectados pelo consumo destes dinoflagelados, porque conseguem resistir, mas que se tornam altamente tóxicos, podendo causar, nos predadores de topo como o Homem, sequelas que vão desde a paralisia, amnésia e desarranjos intestinais até à morte.






Afinal, há que ter em conta o velho ditado quando tencionarem comprar marisco em meses sem "R" (Maio, Junho, Julho e Agosto), pois são meses mais quentes, durante os quais o crescimento destas biotoxinas marinhas se encontra potenciado.

19 março, 2007

Porque Temos Soluços??? Não deitem as culpas para os pobres alimentos...

Será que a culpa é daquela coca-cola quente ou daquela maldita cerveja bebida de golada??

Já ouviram dizer coisas do género :"não posso comer comida picante senão fico com soluços" ou "se não beber água quando como pão seco, lá vêm os malditos soluços"?

Na verdade, toda a gente tem soluços de vez em quando, especialmente após uma grande refeição ou depois de beber álcool. Os soluços começam quando o diafragma, que se encontra próximo do estômago, fica com espasmos. Sendo que o diafragma é um músculo que, através de contrações rítmicas, nos ajuda na respiração, quando há uma variação no padrão rítmico de contração, a respiração modifica-se. Consequentemente, somos "obrigados" a engolir uma enorme quantidade de ar, que entra rapidamente nos pulmões. Os receptores aí existentes, prontamente transmitem uma "mensagem" ao cérebro que manda um impulso nervoso para a garganta para impedir que mais ar entre. Imediatamente a seguir, as cordas vocais fecham-se como resposta a este estímulo.
É como um "braço-de-ferro" entre o diafragma e a garganta!!


Enquanto que o diafragma força a inalação de ar, a boca e a garganta fazem todos os possíveis para impedir a entrada de ar! A cada contracção do diafragma, a corrente de ar descontrolada faz aquele barulhinho irritante e característico do soluço!!!
Ah! E lamento quem já foi vítima das fantásticas curas caseiras! Nunca vos aconteceu de estarem a soluçar incontrolavelmente enquanto alguém faz "buuu" atrás? Ou alguém explodir um saco de papel perto ouvidos? (isso só contribui para aumentar a surdez!). Nesse mesmo instante, aparece alguém bem-intencionado que vos obriga a beber água por um copo, sem lhe tocar com as mãos. Entretanto, já a água se entornou na camisola e os malditos soluços continuam...


Normalmente, os soluços terminam tão abruptamente como começaram! É só uma questão de estabilizar a respiração!

Por isso, da próxima vez que alguém tentar aplicar a sua receita milagrosa, digam apenas: "estou apenas - hic! - à espera que desapareçam - hic! - obrigado!"








A Cenoura Crua Faz Bem Aos Olhos???

Não é mito! É mesmo VERDADE!

O grande responsável por este mito é a Vitamina A, que se encontra presente sob a forma de pro-vitamina A e em quantidades bastante grandes nas cenouras cruas (1 cenoura= 2025 Equivalentes Retinol).


Há milhares e milhares de anos, já os médicos da época prescreviam um tratamento à base de cenouras para melhorar a visão das pesoas que distinguiam mal as estrelas no céu nocturno.



Muito mais tarde, em 450 a.C. na Grécia antiga, Hipócrates receitava para o mesmo efeito, um tratamento à base de fígado de vitela.





Na verdade, quer a cenoura, quer o fígado são rico em VITAMINA A. Descoberta apenas em 1913 por Elmer McCollum e Marguerite Davis, deram particular atenção a uma substância comum à gema de ovo e a manteiga, que melhorava a visão de animais de laboratório. Outros dois investigadores, Lafayette Mendel e Thomas Osborne, verificaram o mesmo efeito com o óleo de fígado de bacalhau - o famoso tormento de muitas crianças, mas que fornecia altas doses de vitaminas A e D, ambas lipossolúveis.



Em 1919, Steenbock descobriu que havia vegetais que continham uma substância, mais tarde designada pró-vitamina A, que se convertia na vitamina A característica dos animais. Esses vegetais eram, nada mais, nada menos, que a CENOURA, o MILHO e a BATATA DOCE!




Em 1931, o suíço Karrer, recebeu o prémio Nobel da Química pela sua descoberta: a estrutura química da vitamina A.


Só muito mais tarde se veio a descobrir que a vitamina A, para além de necessária para a visão, tinha também propriedades antioxidantes!


Em termos mais técnicos, a vitamina A é importante pois integra-se no processo da percepção de uma imagem. Os bastonetes, as células visuais receptoras de luz na retina do olho, permitem-nos distinguir entre a luz e a escuridão. Estas células contém um pigmento sensível à luz chamado púrpura visual (rodopsina), o qual é um complexo da proteína opsina e da vitamina A. Quando um bastonete é exposto à luz, a púrpura visual desintegra-se, libertando cargas eléctricas para o cérebro. Estes estímulos são depois traduzidos numa imagem composta a qual nós “vemos”. Ao mesmo tempo, é formada nova rodopsina nas células visuais a partir da opsina e da vitamina A.




Afinal, razão têm os nossos avós: "devemos comer cenouras para garantir uma boa visão"

Já a minha avó dizia...

De certo que já todos ouvimos dizer, das bocas dos nossos avós e bisavós, que "os ditos antigos estão sempre certos" e que "os antigos é que têm razão".

Não querendo, de forma alguma, menosprezar a valiosa experiência e a vasta sabedoria dos mais antigos, é nossa intenção desmistificar alguns mithus alimentarius antigos e que, ainda hoje, correm nas bocas de toda a gente, nas capas das mais variadas revistas, nos intervalos da televisão, podendo, por
vezes, induzir em erro...

Já diz o velho ditado que "
contra factos, não há argumentos". Por isso, iremos tentar demonstrar que nem todos os ditos antigos estão correctos e que alguns têm a sua razão de ser...